Papeira

Iniciado por Plilisilva, 29 de Julho de 2015, 07:16

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Plilisilva

O que é?

A papeira é uma infeção por um vírus que causa edema das glândulas parótidas, situadas à frente dos ouvidos, e que produzem saliva. A papeira é causada pelo vírus da papeira, um tipo de paramixovírus que se dissemina de pessoa para pessoa através da tosse, dos espirros e da saliva, bem como através do contacto com objetos e superfícies contaminados (lenços usados, copos partilhados, mãos sujas que tocaram num nariz a pingar). Quando o vírus da papeira se introduz no organismo, passa para a circulação sanguínea e pode disseminar-se para muitas glândulas diferentes e para o cérebro:


Glândulas salivares — A papeira causa dor e edema na glândula parótida e noutras glândulas salivares localizadas sob a língua e a mandíbula.
Testículos — Nos testículos, a papeira pode causar edema, dor, hipersensibilidade e, por vezes, diminuição permanente do tamanho (atrofia), embora raramente cause esterilidade.
Ovários — Nas mulheres, a infeção dos ovários pela papeira pode causar dor nos quadrantes inferiores do abdómen mas não conduz a infertilidade.
Pâncreas — O vírus da papeira pode causar inflamação e infeção do pâncreas e dores abdominais.
Cérebro — Quando se introduz na circulação sanguínea, o vírus da papeira pode igualmente atingir o cérebro, onde pode causar meningite (inflamação e infeção das membranas que revestem o cérebro) e encefalite (uma infeção cerebral). Este envolvimento cerebral (que é muito raro) por vezes conduz a complicações a longo prazo, tais como surdez, paralisia (fraqueza, especialmente dos músculos faciais), hidrocefalia e convulsões.
Raramente, o vírus da papeira pode afetar outras partes do corpo, tais como as articulações, a glândula tiroideia ou os pulmões.

Quando uma grávida desenvolve papeira, pode existir um risco acrescido de morte fetal e de aborto se a mãe se encontrar no primeiro trimestre de gravidez. No entanto, a infeção provavelmente não aumenta o risco de malformações congénitas.

As pessoas com papeira são contagiosas durante um período que se inicia 48 horas antes e que termina 6 a 9 dias depois do início dos sintomas da doença. O aparecimento de uma vacina no final da década de 1960, permitiu reduzir drasticamente o número de casos de papeira, estimando-se atualmente a ocorrência de um caso em cada milhão de pessoas.

Manifestações clínicas

Em cerca de 15 a 20% dos doentes, a papeira não causa sintomas. Nos casos em que ocorrem sintomas, eles geralmente iniciam-se 14 a 18 dias após a exposição a um doente com papeira.

Em cerca de metade dos doentes, os sintomas da infeção podem incluir febre, dores de cabeça, odinofagia, dores musculares, falta de apetite e mal-estar (uma sensação generalizada de doença). O vírus da papeira causa dor e edema na parte anterior do lobo da orelha, denominado parotidite. Devido à dor da parotidite, mastigar ou engolir pode tornar-se muito desconfortável e o doente pode não ter vontade de comer.

Raramente, os adolescentes do sexo masculino e os adultos com papeira podem desenvolver edema e dor num ou em ambos os testículos (orquite). Nas mulheres, os ovários podem estar envolvidos, o que pode causar dores nos quadrantes inferiores do abdómen.

Nos doentes de qualquer dos sexos, mas mais frequentemente nos adultos do que nas crianças, podem igualmente ocorrer complicações mais graves, incluindo:

Pancreatite da papeira, que causa dor nos quadrantes superiores do abdómen
Meningite asséptica (não bacteriana), que causa dores de cabeça, rigidez da nuca e sonolência
Encefalite da papeira, que causa febre elevada e inconsciência, embora isto ocorra em menos de um em cada 1.000 casos de papeira
Diagnóstico

O médico irá fazer perguntas sobre a exposição do doente a alguém que se sabe ter papeira ou edema da face. Mesmo que o doente não tenha tido contacto direto com essa pessoa, o médico pode querer saber se frequentaram a mesma escola, se vivem no mesmo agregado familiar ou no mesmo dormitório ou se trabalham no mesmo edifício. O médico pode igualmente querer saber se a pessoa se encontra vacinada, quando é que foi vacinada e o número de doses de vacina que recebeu. A vacina da papeira é frequentemente administrada como parte da vacina contra o sarampo, a papeira e a rubéola.

O médico irá suspeitar de que um doente sofre de papeira se apresentar edema doloroso da parótida bilateralmente durante, pelo menos, dois dias e se tiver uma história de ter estado exposto a uma pessoa com papeira. Nos doentes sem edema da parótida, o diagnóstico pode ser confirmado através de análises de sangue que medem anticorpos específicos (proteínas defensivas elaboradas pelo sistema imunitário) contra o vírus da papeira. Além disso, o vírus da papeira propriamente dito pode ser detectado em amostras de urina, de saliva ou de líquido cefalorraquidiano (o líquido que envolve o cérebro e a medula espinhal) e que é obtido através de uma punção lombar.

Evolução clínica

Os sintomas de papeira geralmente prolongam-se durante cerca de 10 dias. Quando o doente recupera, de um modo geral fica imunizado para o resto da vida contra o vírus da papeira.

Prevenção

Uma pessoa pode prevenir a papeira através da vacina contra esta doença, que é geralmente administrada como parte da vacina combinada contra o sarampo, a papeira e a rubéola. Esta vacina de vírus vivos de um modo geral não é recomendada para as grávidas e para os doentes que estão a tomar determinados medicamentos ou que sofrem de problemas médicos que suprimem o sistema imunitário.

Uma vez que os doentes com papeira são contagiosos durante cerca de 48 horas antes de desenvolverem os sintomas, geralmente não é necessário isolá-los dos outros membros do agregado familiar (exceto as grávidas) após o início dos sintomas, pelo facto dos familiares já terem provavelmente sido expostos ao vírus durante o período de 48 horas antes dos sintomas terem início.

As crianças com papeira são geralmente excluídas da escola ou do infantário durante 9 dias após o início do edema das glândulas parótidas. Os especialistas em saúde pública são geralmente envolvidos para ajudar a controlar os surtos.

Tratamento

Nos doentes que, de um modo geral, são saudáveis, os sintomas de papeira são tratados com:

Paracetamol para reduzir a febre e para proporcionar alívio do desconforto generalizado
Compressas mornas ou frias para proporcionar alívio da dor e do edema das glândulas parótidas
Uma dieta mole para reduzir a necessidade de mastigação ― Evitar sumos de fruta e bebidas ácidas que estimulam as glândulas salivares e que agravam as dores na glândula.
Compressas frias e apoio do escroto para reduzir a dor e o edema nos testículos
A aspirina não deve ser utilizada nas crianças com papeira devido ao risco de síndrome de Reye, um problema cerebral grave que se desenvolve em crianças que apresentam determinadas infeções virais e que foram tratadas com aspirina.

Quando contactar um médico

Consulte o médico se você ou alguém na sua família desenvolver sintomas sugestivos de papeira, mesmo que tenha sido vacinado contra esta doença. Além disso, se ocorrer um surto de papeira na escola do seu filho ou no seu local de trabalho, consulte o médico para determinar se é imune à papeira. Se for do sexo feminino e estiver a ponderar engravidar, confirme se as vacinações estão atualizadas.

Prognóstico

As pessoas recuperam completamente da papeira. No sexo masculino, existe um risco pequeno adicional de esterilidade se a infeção afetar ambos os testículos (orquite bilateral), mas isso é pouco habitual.